ADAPTAÇÃO HEDÓNICA
Já ouviu falar?
Este acontecimento pode definir-se pela nossa tendência em voltar a um estado de normalidade relativamente rápido depois de um acontecimento que nos traga muita alegria ou tristeza.
Ou seja, com o tempo a nossa mente tende produzir uma reação oposta aos eventos que nos vão acontecendo – sejam eles de entusiasmo ou mágoa. Quase como uma balança de pesos.
O estudo pioneiro foi feito em 1978 por Brickman, Coates e Janoff-Bulman e comparou o estado emocional de uma pessoa que tinha ganho a lotaria e outra, no espectro oposto, que tinha ficado paraplégica depois de um acidente. Comparados com um grupo de controlo – e após o impacto inicial dos acontecimentos – ambas as partes mostraram níveis emocionais normalizados.
Desde então têm-se desenvolvido estudos sobre o tema e aparte de alguns ajustes, o essencial continua pertinente:
A nossa felicidade a longo prazo não é significativamente afectada pelas ocorrências e factores externos na nossa vida.
Agora aplicado em situações do quotidiano: imaginemos uma compra interessante ou um evento no qual depositámos muitas esperanças – um aumento de salário, ou a compra de uma nova casa, por exemplo. Acontece que passado o entusiasmo inicial, voltamos ao nosso estado normal. Com a habituação ao novo estímulo, o seu efeito vai diminuindo com o tempo e em breve estaremos de novo à procura de algo mais.
“O desejo não tem descanso” dizia Santo Agostinho.
Isso quer dizer que aquela sensação agradável quando conseguimos os bens materiais se esgota rapidamente. Por mais que acumulemos, não conseguimos aumentar o nosso bem-estar nem mesmo mantê-lo de forma sustentável. Assim, perante aquela compra que achamos que nos vai completar um bocadinho mais e trazer-nos felicidade duradoura, pensemos duas vezes. Será mesmo assim?
Então…
como contornar este ciclo vicioso e termos um sentimento de maior plenitude no dia-a-dia? A solução passa por reavaliarmos os nossos valores, objectivos e interpretação das situações.
Isto é, construir o nosso bem-estar a partir de dentro e rodearmo-nos daquilo que gostamos mesmo. Assim torna-se mais simples sentirmo-nos gratos todos os dias.