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Eu colecciono colecções

 

Todos nós já tivémos colecções: caricas, latas, caixas de fósforos… Se virmos bem, quase tudo é coleccionável.

Antes de mais: porque é que colecionamos?
Na minha opinião, as colecções têm dois objectivos principais. Primeiro e mais importante, dá-nos prazer. Só olhar traz-nos felicidade, construímos algo que nos orgulha e sentimos uma faísca cada vez que pegamos numa das peças. Por outro lado, é um desafio. Chegar ao fim de algo, termos uma meta. Proporciona-nos o prazer da procura e do encontro, isto é, o passo a passo até à obra terminada.

Mas convenhamos, quando passamos tanto tempo a construir algo e chegamos ao fim, aí, parte desse encanto desaparece.
O objectivo foi cumprido.
Cortámos a fita da maratona, já não há mais cromos para comprar ou a colecção de chávenas foi descontinuada.
Acontecem também as mudanças de interesse que nos façam pensar noutras coisas. O tempo vai passando e já não gostamos tanto daquele tema como quando começámos a odisseia.
Ou então, casos em que a colecção invade tanto o nosso espaço que se torna um peso e uma chatice, em vez de um prazer.
Em qualquer dos casos é natural que seja difícil desfazer-nos dessa colecção. Dizer adeus a algo que passou tanto tempo connosco.

Mas lembrem-se, uma colecção não deve ser uma obrigação. Lá porque a começámos, não temos de a acabar se não quisermos. E definitivamente – não temos de a manter.

Se é muito valiosa, desfaça-se vendendo. Dê um prazo a si mesmo e assuma o compromisso de venda: fotografe, faça uma descrição e ponha online, ou vá às casas de especialidade ver quem a compra, ou até talvez, feiras de segunda mão.
Mas, há que ter em atenção que o valor das coisas corresponde à procura das mesmas. Ou seja, se ninguém a quiser, vale mesmo esses 200€? A verdade é que para nós corresponde a um valor do nosso tempo e esforço, e isso é que lhe deu piada. Mas se ninguém estiver interessado em pagar esse investimento, talvez possa baixar o preço ou até dar. De qualquer das formas, liberta esse peso.

No meu caso, que coleccionei sacos de papel e canecas, dei-lhes bom destino. Os sacos serviram (e ainda vão restando alguns) de recipientes para papel para reciclar. E as canecas, bom, seleccionei as que eu gostava mesmo, e as restantes 90% foram oferecidas.

Não te apegues a um erro só porque passaste muito tempo a fazê-lo.

-Aubrey De Graf