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O Caso dos Naperons especiais

 

A minha avó – como muitas avós – era (e é) formidável com bordados, rendas e crochés. Era um passatempo e uma arte, de onde saíam maravilhas cheias de detalhes.

Ora, ela tinha uma colecção permanente do dia-a-dia, que distribuía pela casa, ia usando e lavando, e remendando algum buraquito extra que aparecesse.
E tinha também a colecção dos “muito bons”, cuja excelência do trabalho e o tempo usado para fazer cada peça, já os elevava a um novo patamar. “Estes vão ser para a casa nova“, dizia ela.

Efectivamente mudaram uns anos depois para uma casa nova e maior.  Mas os naperons normais ainda serviam! Estavam bons e bonitos, e os outros especiais ainda não eram para já. Talvez para as festas.

 

 

 

E nisto, a avó continuava a fazer mais naperons e paninhos. Os bons eram postos a uso, os “muito bons” iam para A caixa.
Os anos foram passando, a vida aconteceu, e as peças especiais fechadas n´A caixa. O plano era que fosse para a próxima  “casa nova”, uma mudança que estavam a planear num futuro próximo.
E quando passado uns anos, foram para a casa nova, os naperons normais estavam impecáveis. Iam, claro, continuar a ser usados!

Entretanto, a minha avó já é avó, idosa.

E apesar de ter uma colecção rica de peças, há uma série delas ainda mais rica. Está fechada, e praticamente esquecida…

Para mim, este episódio gracioso e tão comum reflete mais uma vez uma forma de pensar e de (não) usufruir do que temos, que devia ser mais intencional e mais proactiva!
São estas pequenas coisas e detalhes que fazem o nosso ambiente mais especial e mais nosso, então porque não sacá-las cá para fora e desfrutar? O presente é suficientemente importante. 

 

 

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